Que me desculpem os menestréis da rima e da viola, mas na poesia-voz do pernambucano Bruno Lacerda, “amor” rima com “cacto” numa improvável lírica da “dor”, dor das perdas e embaraços, dos inextricáveis caminhos trilhados por uma vida ainda tão jovem. A poesia deste poeta, a moda de prosa, deságua suas correntezas em oceanos outros, apenas a margear a forma, a métrica e a rima, fuga do abstrato, adesão ferrenha ao concreto; é provável que chegue aos ouvidos dos deuses.
São cinquenta e três poemas que, em conjunto, esboçam uma trilha de poemas-passos, passos que marcam a ânsia “devoradora” - “igual a boca que não come há dias” – pela arte de tecer a vida em versos, como fazem os grandes poetas de sua terra, herdeiros diretos dos cantadores ibéricos e dos griôs africanos. Voz que não se deixa sufocar pela frialdade da letra. A dor que o antigo poeta finge sentir não cabe mais no poema de Bruno Lacerda. No poema “O Poeta é um fingidor” a referência é o “amor”, e o eu-lírico se ressente do que passou, mas na sua narrativa poética não cabe a mentira.
Prof. Dr. Francisco Cláudio Alves Marques - Universidade Estadual Paulista
Alberto Bruno Silva Lacerda, mais conhecido como Bruno Lacerda é estudante de Licenciatura em Letras, com habilitação em espanhol, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). É multiartista, assim como, escritor e poeta. É pesquisador, ativista, produtor e também aluno da Escola de Capoeira Angoleiros do Sertão, Mestre Claudio. É também um nordestino em êxodo.
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